quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Peixe-gato frito

Originário da América do Norte, o peixe-gato-negro (Ictalurus melas) é uma espécie exótica invasora que está actualmente em expansão nos nossos rios e barragens. Apesar de nunca atingirem grandes dimensões, são predadores muito vorazes e a sua presença pode ter efeitos muito negativos nas populações das nossas espécies de peixes autóctones. Dito isto, se os pescarmos e os comermos, estamos a contribuir para a saúde dos nossos ecossistemas aquáticos interiores. Em termos gastronómicos são bastante apreciados nos Estados Unidos, a sua carne é tenra, de sabor agradável e possuem muito poucas espinhas, o que é sempre uma vantagem. Ao manusear estes peixes convém termos cuidado com os espinhos presentes nas barbatanas peitorais e dorsal, pois podem causar ferimentos bastante dolorosos. Nota: não confundir esta espécie de pequeno porte, com o peixe-gato-europeu ou siluro (Silurus glanis), também já presente nas nossas águas e capaz de atingir dimensões gigantescas.


Ingredientes:

peixes-gato q.b. limpos (não possuem escamas e opcionalmente podem ser esfolados)
Sumo de limão q.b.
Sal q.b.
Farinha de trigo q.b.



Procedimentos:

1 - umas horas antes temperar com sal a gosto e guardar no frigorífico.
2 - aqueça azeite (ou óleo - pessoalmente prefiro sempre o azeite) numa frigideira, e frite em lume não muito alto os peixes previamente passados por farinha.
3 - sirva com acompanhamento a gosto, e tempere com sumo de limão a gosto.
Notas: nos Estados Unidos tradicionalmente retira-se a pele a estes peixes - já experimentei cozinhá-los com e sem pele, e sinceramente não acho que seja indispensável retirar-lhes a pele - ficando ao critério pessoal.


Notas: respeite sempre as épocas e as medidas mínimas de captura legais, e devolva sempre para a água todos os peixes que não pretenda comer e/ou que não cumpram os requisitos legais. No caso especifico do peixe-gato não existem tamanhos mínimos de captura nem épocas de defeso, visto tratar-se de uma espécie exótica invasora - quantos mais apanhar e comer, melhor :).


domingo, 20 de novembro de 2016

Lombinhos de veado estufados com cogumelos silvestres

Adoro apanhar e comer cogumelos silvestres. Estamos em plena época de irmos à procura deles no campo - e nada melhor do que comê-los a acompanhar carne de caça. Recentemente cacei um veado e resolvi fazer os lombinhos acompanhados com umas sanchas que apanhei esta semana. Ficou uma delicia!


Ingredientes:

2 lombinhos de veado (ou 2 pedaços do lombo)
5 dentes alho fatiados
2 cebolas médias picadas
3 ou 4 sanchas (conforme o tamanho - em alternativa outros cogumelos a gosto)
1 copo de vinho tinto
1 folha de louro
1 c. de chá de oregãos (ajustar a gosto)
1 c. de chá de tomilho (ajustar a gosto)
1/2 c. de chá de alecrim (ajustar a gosto)
Massa de pimentão q.b.
Azeite q.b.
Sal q.b.
Pimenta preta q.b.



Procedimentos:

1 - Esfregar um pouco de massa de pimentão na carne, adicionar alguns dentes de alho fatiados e colocar no frigorífico durante algumas horas.
2 - Aquecer um pouco de azeite numa panela e nele refogar durante poucos minutos a cebola, o alho e a folha de louro, sobre lume baixo, até a cebola começar a ficar tenra.
3 - De seguida adicione os lombinhos (incluindo o alho), as ervas aromáticas, o sal, a pimenta moída e 1 copo de vinho tinto - tape a panela e deixe cozinhar em lume branco durante cerca de 1,5 - 2 horas. Vá controlando o molho, mexendo de vez em quando e, se necessário, vá adicionando um pouco de água.
4 - 20 a 30 minutos antes de a carne estar pronta, destapar e adicionar os cogumelos cortados em pedaços. Deixe cozinhar em lume brando até os cogumelos estarem cozidos e o molho estar apurado conforme desejado.
6 - Servir acompanhado com batatas fritas (ou outro acompanhamento a gosto - arroz branco, batatas cozidas, etc).

Notas: Caso se goste de um sabor mais acentuado a ervas aromáticas, pode-se adicionar uma parte delas mais perto do final, por exemplo perto da altura de adicionar os cogumelos. Pessoalmente gosto do molho com as cebolas desfeitas - quando necessário, já perto do final da cozedura, costumo esmagá-las grosseiramente com uma colher de pau. Ao adicionar o sal, tenha em consideração que a massa de pimentão contem sal.



Notas: Nunca destrua cogumelos que não vai consumir - todas as espécies de cogumelos desempenham um papel importante na natureza. Evite colher em excesso - apanhe somente os cogumelos que for consumir, e deixe no campo todos os cogumelos que já estejam velhos demais para ser consumidos ou que ainda não estejam totalmente desenvolvidos. Muitas espécies de cogumelos são tóxicas e algumas mesmo mortais - só apanhe / consuma os que tiver a certeza absoluta que estão correctamente identificados e que são comestíveis.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Geleia de Camarinhas

A Camarinha ou Camarinheira é um arbusto endémico da península Ibérica, aparecendo apenas na costa atlântica, nunca longe do mar, em dunas ou em pinhais. Os seus pequenos frutos brancos - camarinhas - são bastante saborosos, tendo sido apanhados e comercializados no passado em várias zonas no litoral de Portugal. Possuem um delicioso sabor agri-doce, bastante refrescante e, podem ser consumidos frescos ou utilizados para fazer doces e geleias.


Ingredientes:

1 kg Camarinhas
q.b. Água (apenas a suficiente para cobrir as bagas)
1 Limão (sumo)
q.b. Pectina natural em pó ou liquida
q.b. Açúcar (na proporção de 1 Kg por cada litro do liquido que vai ser preparado)


Procedimentos

1 - Cozer as camarinhas na água, até ficarem bem cozidas, esmagando-as progressivamente até obter uma papa.
2 - Filtrar por um coador de rede fina, espremendo a massa pacientemente, de modo a passar o máximo de liquido possível.
3 - Medir a quantidade de líquido conseguida, e pesar o açúcar na proporção indicada.
4 - Levar o liquido obtido em 2 ao lume, adicionar a pectina aos poucos, mexendo para não formar grumos, e, de seguida, o sumo de limão, mexendo muito bem até ficar tudo dissolvido.
5 - Juntar o açúcar e levar à fervura, mexendo sempre, até dissolver completamente o açúcar. Continuar a fervura, mexendo frequentemente, até que  a temperatura da mistura atinja os 104º C, ou, em alternativa, até que atinja o ponto pretendido.
6 - Deixar arrefecer 15 minutos, e verter dentro de frascos esterilizados, apertando as tampas logo de seguida.
7 - Deixar arrefecer até cerca da temperatura ambiente, e voltar a apertar as tampas.




Notas: esta geleia é tradicionalmente utilizada como acompanhamento de assados de carne na zona da Figueira da Foz. O seu sabor é muito agradável, e pode também ser consumida como um doce tradicional. Para medir a temperatura utilize um termómetro de cozinha. Use a quantidade de pectina recomendada nas instruções do produto.


terça-feira, 20 de setembro de 2016

Tarte de Amoras Silvestres

As amoras silvestres são o meu fruto silvestre preferido - são deliciosas frescas, em doces, molhos, etc. Esta tarte pode ser feita com amoras silvestres frescas ou congeladas.


Ingredientes - recheio:

400 - 500 gr amoras de silva
1/2 limão (sumo)
30 - 40 gr farinha de tapioca (grão fino - se necessário moer na bimby ou numa trituradora)
80 - 100 gr açúcar

Ingredientes - massa (ou 2 folhas de massa quebrada pronta a usar)

200 gr Farinha de Trigo
1 ovo   
80 gr Manteiga
1 colher de chá de fermento
90 gr açúcar



Procedimentos:

1 - preparar a massa da tarte, amassando cuidadosamente todos os ingredientes. Alternativamente usar duas folhas de massa quebrada.
2 - forrar cuidadosamente uma tarteira de 25 cm de diâmetro com uma fina camada de massa, reservando uma parte para a cobertura. Guardar no frigorífico.
3 - colocar as amoras num tacho, adicionar o açúcar, a farinha de tapioca, e o sumo de limão. Aquecer ligeiramente a mistura, e mexer até o açúcar ficar dissolvido, tendo o cuidado de não desfazer as amoras em demasia.
4 - encher a tarte cuidadosamente com as amoras, e colocar a uma fina cobertura, usando a massa guardada anteriormente. Selar as extremidades com a massa da base. Por fim, dar uns pequenos golpes na cobertura, para permitir a passagem do vapor.
5 - colocar num forno pré aquecido a 180ºC, e deixar cozinhar durante 30 minutos, ou até ficar pronta - castanho alourada.
Notas: a quantidade de massa referida na receita faz uma tarte fina, com pouca massa. Se preferir uma tarte com mais massa, pode aumentar a quantidade desta, mantendo os ingredientes do recheio nas proporções referidas.


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Bifes de veado com molho de amoras silvestres

Esta receita resulta da combinação do meu fruto silvestre preferido com uma das minhas carnes de caça preferidas e, na minha opinião, o resultado é excelente! Pode ser feita com amoras silvestres frescas ou congeladas.


Ingredientes:

4 bifes pequenos de veado (ou medalhões do lombo)
85 gr amoras silvestres (frescas ou congeladas)
1 dente alho inteiro descascado e esmagado
2 c. sopa de geleia de groselhas vermelhas
1 c. sopa de vinagre balsâmico
1 cubo de caldo de carne Knorr
150 ml água
Azeite q.b.
Sal q.b.


Preparação:

1 - temperar os bifes com sal a gosto (atenção que o cubo de caldo Knorr já possui sal). Reservar.
2 - deitar o cubo de caldo knorr em 150 ml de água, aquecendo em lume brando e mexendo sempre, até ficar totalmente dissolvido. Reservar.
3 - colocar um pouco de azeite numa frigideira e cozinhar os bifes até ficarem passados a gosto. Retirar os bifes da frigideira e reservar.
4 - na mesma frigideira adicionar o vinagre balsâmico, a geleia de groselha, o dente de alho e o caldo de carne preparado no ponto anterior, ligar o lume e  deixar ferver, mexendo sempre até ficar tudo bem misturado. Logo de seguida adicionar as amoras e, mexendo sempre, cozinhar em lume brando até ficarem tenras (podem-se esmagar algumas de modo a que algum do sumo delas fique incorporado no molho).
5 - servir logo de seguida, despejando o molho sobre os bifes, e com acompanhamento a gosto - desta vez acompanhei com batatas fritas e brócolos cozidos. Ficou excelente!


Notas: receita adaptada de BBC Good Food

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Carpa frita

Recentemente pesquei algumas carpas, e resolvi trazer uma delas para o jantar :). A carpa é um peixe abundante nas nossas águas interiores, mas não muito apreciado em termos gastronómicos. Uma das razões reside no facto de possuir muitas espinhas disseminadas pelo lombo (à semelhança de outras espécies de peixes de água doce, como o barbo, sável, etc.). Uma das formas de eliminar o problema das espinhas, consiste em fritá-la em postas muito finas de modo a que as pequenas espinhas fiquem torradas e imperceptíveis ao comer. Se forem temperadas com limão ou vinagre durante algumas horas, contribui também para o amolecimento das pequenas espinhas. Experimentem, e vão ver que preparadas desta forma, ficam uma maravilha! :)


Ingredientes:

1 carpa média (500 - 1000 gr) cortada em postas muito finas (menos de 5 mm de espessura)
Sumo de limão q.b.
Alho cortado em rodelas q.b.
Sal q.b.
Farinha de trigo q.b.





Procedimentos:

1 - de véspera temperar as postas de carpa com sumo de limão e dentes de alho fatiados. Guardar no frigorífico.
2 - antes de fritar, enxugue as postas com o auxilio de um pano de cozinha e tempere com sal. Reserve.
3 - aqueça azeite (ou óleo, mas pessoalmente prefiro sempre o azeite) numa frigideira, e frite em lume não muito alto as postas previamente passadas por farinha. Deixe fritar bem, até ficarem bem tostadas (mas sem queimar demasiado!) de modo a que as espinhas fiquem também fritas.
4 - sirva com acompanhamento a gosto, por exemplo um arroz de tomate ou uma boa açorda.
Nota: para cortar as postas fininhas, é mais fácil se a carpa for previamente semi-congelada (ou caso venha do congelar, cortar antes que descongele por completo).


Nota: respeite sempre as épocas e as medidas mínimas de captura legais, e devolva sempre para a água todos os peixes que não pretenda comer e/ou que não cumpram os requisitos legais.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Caracois

Agora com a chegada do calor sabe mesmo bem comer uns caracóis acompanhados de uma cerveja bem fresca. E se forem caracóis silvestres apanhados por nós, sabem ainda melhor :)


Ingredientes:

1 kg de caracóis vivos
6 dentes de alho inteiros com casca amachucados
1 cebola cortada em quartos
1 folha de louro
Orégãos q.b.
Azeite q.b.
Sal q.b.
1 malagueta
Água q.b.



Procedimentos:

1 - Lave bem os caracóis em 2 ou 3 mudas de água. De seguida coloque-os dentro de uma panela, cobra-os com água (alguns cm acima deles) e deixe-os estar assim durante cerca de 20 minutos. Se vir alguns mortos retire-os.
2 - Coloque a panela em lume muito brando, e aguarde até que os caracóis estejam mortos e saídos da casca.
3 - Levante fervura, adicione os temperos (menos os orégãos), e deixe cozinhar durante cerca de 20 a 30 minutos. Vá retirando a espuma sempre que necessário.
4 - Desligue o lume, adicione os orégãos, confira o sal, tape e deixe a repousar durante cerca de 30 minutos no mínimo.
5  Sirva os caracóis em pratinhos acompanhados com um pouco de molho.
 Nota: pode adicionar uns quadradinhos de bacon para tornar o molho mais gostoso.


Notas:

Evite apanhar os caracóis perto de estradas e áreas poluídas, ou junto a culturas agrícolas onde sejam usados pesticidas ou herbicidas. Tradicionalmente a melhor época para os apanhar é durante os meses sem "R", sendo que, segundo os mais entendidos, se forem apanhados com as ervas dos campos já secas, podem ser logos consumidos. Caso sejam apanhados com as ervas ainda verdes, podem ter um sabor amargo, e convém estarem alguns dias em casa dentro de uma caixa de madeira tapada por uma rede, alimentados com rodelas de batata e pedaços de pão, para que percam o sabor amargo.